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A procura incansável por um amor superficial



Por Tomás Lopes




A procura incansável por um amor através das aplicações de namoro


Nos dias de hoje existe uma facilidade em conhecer alguém através das apps de namoro. Antes de iniciar, acho importante salientar que neste texto decidi falar na generalidade das pessoas que fazem uso das apps de namoro, isto é, nem todas as pessoas utilizam as apps de namoro como descrevo aqui, nem com os motivos que aponto aqui.


As apps de namoro trouxeram uma forma rápida (visual) de escolher uma pessoa para “namorarmos”. Tendemos a ter uma resposta em segundos se gostamos do que estamos a ver (ou não), ou seja, se visualmente acreditamos que aquele perfil é um potencial parceiro ou não. Penso que poucas pessoas se dão ao trabalho de ler a bibliografia do perfil, hipotetizando por ser muitas vezes vazia, ou então pela pressa fugaz do jogo do Match.

A utilização tornou-se quase como um jogo, um jogo de deslizar o dedo para a esquerda (significando que não gostámos do que vimos), de deslizar o dedo para a direita (significando que gostámos daquela pessoa), este processo de swipping é algo bastante gratificante para nós, podendo mesmo tornar-se muito viciante. Instala-se por uns breves segundos um sentimento de “borboletas na barriga” se aquele like, swipping para a direita, se vai tornar num match, e o mais curioso é que quando temos um match esperamos que seja o outro a iniciar uma conversa. No entanto, seguimos firmes para recomeçar este processo com o novo perfil que aparece, acabando pelo anterior cair em esquecimento.

Ao navegar por centenas de perfis de aplicações de namoro, podemos ficar com a sensação de que existe uma abundância de potenciais parceiros disponíveis. E sobre este aspeto refleti alguns pontos importantes:


  • tendemos a comparar nos com os potenciais parceiros, principalmente com características como a atração física, o estatuto económico (por exemplo a exibição de roupas, carros ou férias) e a popularidade (por exemplo a partilha de fotos com amigos ou o número de seguidores no instagram);

  • mesmo quando estamos a falar com alguém nestas aplicações, tendemos a pensar que poderemos encontrar alguém melhor ou superior à com quem se está a falar, sendo uma procura incansável e insaciável. Acabando por não investir muito nessa conversa, não saindo então da superficialidade das relações;

  • poderíamos supor que esta sensação de uma abundância de potenciais parceiros disponíveis aumentaria a nossa confiança para encontrar o relacionamento romântico que procuramos e idealizamos e aliviar o medo de ser solteiro, contudo parece que acontece o contrario. Intensificado o receio de ser solteiro para o resto da vida e sentirmos que não iremos encontrar uma pessoa (como se idealiza). Parece que se navega nestas aplicações à procura de algo, de um amor verdadeiro e único, mas quando esprememos a experiência do uso destas aplicações podemos verificar que na realidade apenas procuram coisas superficiais e instantâneas como:

  • A procura de um número de match’s cada vez maior, como se fosse isto massajasse o nosso ego, levando a um sentimento de sermos desejados pelo outro e de termos um poder de escolha com a abundância de potenciais parceiros disponíveis, como um catalogo de pessoas online disponíveis;

  • Uma conversa, de 5 mensagens (olá - olá / tudo bem? - tudo e contigo? / também obrigado) (não sei se deva chamar a isto uma conversa para ser sincero), onde não costuma existir nada além de superficialidade;

  • A procura de um relacionamento apenas sexual, rápido, uma descarga apenas da tensão sexual acumulada;Numa sociedade que cada vez é mais dependente de redes sociais, perdem se as verdadeiras e significativas relações, deixando apenas espaço para a superficialidade.





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