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Desfralde nocturno




Por Joana Santos




O desfralde pode ser um processo desafiante que pode gerar ansiedade tanto para a criança quanto para seus cuidadores, principalmente, porque (ainda) tendemos a interferir num processo que deveria ocorrer de forma completamente natural. A aquisição do controlo dos esfíncteres e a consequente retirada da fralda, deve acontecer de forma autónoma, respeitando a individualidade e o papel da criança (Lansbury, J., 2014).


O Desfralde Respeitado é um processo neuropsicofisiológico que envolve a autonomia da criança e maturidade neurológica, fisiológica, emocional, cognitiva e motora. Com a maturação do sistema, a demonstra a sua prontidão avisando que "está a fazer chichi" e, posteriormente, que "vai fazer chichi". É aqui que sabemos que ela se sente fisiologicamente preparada para o desfralde.


Devo premiar e/ou incentivar ao longo deste processo? Recursos, por exemplo, como tabelas de registo de noites secas, ajudam?


Este não é um processo comportamental, é um processo maturativo. Porque devemos fazer dele um troféu a conquistar? Isto só irá gerar ansiedade, stress e pressão na criança. O desfralde é um processo que deve acontecer naturalmente e não por treino, pressão ou incentivo (Pantley, E., 2006).


Neste sentido, e seguindo esta linha de pensamento, estratégias como acordar a criança durante a noite para fazer xixi também não fazem sentido. Para além de estarmos a repartir os sonos, que não é de todo benéfico para a criança, é mais um recurso de “treino”. E o desfralde não se treina.


O desfralde noturno dá-se, normalmente, depois do desfralde diurno. E a criança só está pronta para esta transição quando percebermos que já tem a capacidade de controlar a micção noturna. E como sabemos isto? Fraldinha seca de manhã!


Quando é que a criança alcança este marco?

Quando, com o seu amadurecimento e desenvolvimento, há uma maior produção da hormona antidiurética (ADH) pelo organismo, levando a uma redução do volume de urina produzida durante a noite. Além disso, a criança desenvolve uma bexiga continente, ou seja, com uma boa capacidade de conter o volume de urina produzida durante a noite. Por fim, a criança aprende a perceber e reconhecer a sensação de bexiga cheia, o que contribui para o controlo noturno da micção.


Outra ideia comum é de que devemos reduzir os líquidos à noite durante o processo de desfralde. Será?! 

Se reduzirmos os líquidos não estamos a ajudar a criança a atingir estes pilares. Antes pelo contrário. Como é que a criança vai, por exemplo, aprender a reconhecer a sensação de bexiga cheia se esta não está cheia?


Então qual é o papel dos pais? O que devem fazer?


Nada. Sim, “nada”​. Simplesmente observar a criança e os sinais que vão surgindo e ajudá-la, se, e quando, nos pede auxílio. É a criança que guia o seu próprio processo de desfralde, não são os outros. Apenas seja paciente e acolhedor, tudo o resto se desenvolverá de forma natural.


Quando a criança mostra estar pronta, os pais devem preparar o ambiente para que o processo ocorra de forma natural e sem desconfortos/obstáculos. Por exemplo, utilizar uma capa impermeável no colchão e uma luz de presença com sensor para que a criança possa ir à casa-de-banho durante a noite se sentir necessidade, pode dar conforto e segurança à criança neste processo.

Mas lembrem-se sempre: O que a criança nos diz é o nosso verdadeiro guia.





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