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O amor é mesmo assim, não é?

Por: Sofia Lebres





Conhecemo-nos e, em ti, com entusiasmo, vi um futuro.


Mas depois contive-me, porque, antes de ti, outros vieram, que me ensinaram sobre desencontros, enganos, traições e mentiras, palavras usadas como isco e pouco sentidas.


Dessas histórias de outrora, os capítulos mais bonitos são usados pelo meu cérebro, como prova de que podemos escolher pessoas erradas, com toda a certeza que são as certas, dando o encantamento espaço para a desilusão, com a eterna conclusão de que "na dúvida, o melhor é desconfiar".


O amor é mesmo assim, não é? Objetivo premium, necessidade básica. Ansiado e temido, sem ele a vida não tem sentido. Um salto na incerteza, de uma história por escrever cuja pontuação intuímos com base nos guiões do passado. De uma pessoa por conhecer, cuja imagem dentro de nós nunca se constrói da estaca zero.


Mas o amor é mesmo assim, não é? Bonito e entusiasmante, porque nos chama à vulnerabilidade, à transparência. À possibilidade de nos confiarmos e de abrirmos as portas do nosso coração à criação de algo, que nos transcende e eleva. Assustador e alarmante, porque quanto mais histórias vivemos, menos ingénuos nos tornamos. O salto de fé que nos é exigido, intensifica-se. Vemos tudo com mais clareza. Combatemos a frieza de um coração que se quer precaver, só no caso de te vir a perder.


Contive-me, porque, antes de ti, outros vieram. Mas depois lembrei-me que, se me continuasse a conter, nunca iria descobrir quem eras, presa numa fortaleza construída por personagens antigos. Nunca iria descobrir que a confiança se restitui, quando temos alguém que, com paciência, nos alimenta a esperança. Nunca iria perceber que todas as histórias são bonitas e únicas, mesmo quando acabam. Porque não podemos acabar todos com o nosso primeiro amor. Temos o direito à vida e à experimentação, sem que isso signifique que falhámos ou que fizemos figuras de parvos.


Às vezes, acho que é este o nosso grande medo, sabes? Achar que tem que dar certo. Como se o contrário de certo fosse errado e como se não houvesse, apenas, uma forma de saber - Viver! Ups, desiludiste-me. Ups, iluminaste-me. Mas viver é mesmo assim, não é? Um risco! E, quando nos estamos a conter, viver torna-se difícil.


Assinado: Uma história de muitos de nós!



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